Salvador é uma cidade marcada por uma falha geológica que a divide em duas: cidade alta e cidade baixa. Essa diferença de nível de aproximadamente 80 metros originou, desde o início da sua colonização, diferenças de usos e ocupações do solo nesse território - que foram se modificando ao longo dos anos com o desenvolvimento e expansão da cidade. A paisagem soteropolitana não é marcada apenas pela falha geológica, mas também é expressão de diferentes camadas de tempo: a primeira capital do Brasil, que completou 470 anos este ano, teve na sua arquitetura, ao longo da história, exemplares de diversos estilos e vertentes, como o neocolonial, barroco, neoclássico, eclético, moderno e contemporâneo.
Se você está planejando uma visita para Salvador ou é soteropolitano e gostaria de participar de passeios para conhecer melhor a arquitetura da cidade, os projetos “Prédios de Salvador”, do arquiteto Diego Viana; e “Arquitetura Soteropolitana”, do arquiteto Manuel Sá, são uma boa oportunidade. Os arquitetos organizam visitas guiadas a projetos modernos e contemporâneos na cidade através dos perfis no Instagram: @prediosdesalvador e @arquiteturasoteropolitana.
Reunimos aqui 25 lugares que todo arquiteto deveria conhecer em Salvador, que vão desde exemplares do séc. XVIII à projetos contemporâneos; de praças à edifícios educacionais; dos lugares famosos aos menos conhecidos e visitados. Uma lista plural e diversificada, assim como a capital baiana em seus diferentes aspectos. Confira:
Ladeira da Misericórdia / Lina Bo Bardi
A Ladeira da Misericórdia foi por muitos anos um importante ponto de conexão entre a cidade alta e a cidade baixa. Na década de 1980 Lina Bo Bardi interveio com a requalificação de imóveis que foram abandonados e a construção de um novo edifício, o restaurante Coati, com planta composta em círculos, envolta por uma dupla camada ondulada de concreto.
Centro de Exposições do Centro Administrativo da Bahia / João Filgueiras Lima (Lelé)
Destacado pelos balanços sustentados pelo engaste na torre central e pelos tirantes que contribuem para a estabilidade do edifício, esta obra, da década de 70, está à frente do seu tempo.
Igreja do Centro Administrativo da Bahia / João Filgueiras Lima (Lelé)
A igreja é formada por “pétalas” de concreto, a partir de uma estrutura independente, dispostas segundo um helicoide ascendente. Elevadas uma em relação a outra, proporcionam uma iluminação tangencial para o interior do espaço.
Secretarias do Centro Administrativo da Bahia / João Filgueiras Lima (Lelé)
Neste conjunto de secretarias, Lelé utilizou os princípios construtivos pelos quais é conhecido: pré-fabricação e modulação, com uso de concreto aparente e detalhes metálicos.
Sede da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF) / Assis Reis
Os tijolos formam a expressão máxima da linguagem arquitetônica do edifício. Essa característica de exposição in natura dos materiais, sem acabamentos, também se apresenta na estrutura de concreto protendido pré-fabricado e nas instalações aparentes.
Solar do Unhão / Lina Bo Bardi
Lina Bo Bardi realizou a reforma de um antigo casarão do séc. XVI para abrigar o atual Museu de Arte Moderna da Bahia. A intenção era criar um museu-escola com o intuito de incentivar e expor a produção regional, com oficinas que acontecem até hoje. O destaque arquitetônico vai para a escada de madeira projetada por Lina, com encaixes inspirados nos carros de boi, sem pregos.
Faculdade de Arquitetura da UFBA / Diógenes Rebouças
O edifício foi projetado na década de 1960 e concluído na década de 1970. A composição de materiais em estado bruto como o concreto armado e tijolos - utilizados para proteção da incidência solar direta - é adotada também em outros edifícios do campus da UFBA.
Biblioteca da UFBA / Luiz Dourado, Fernando José Fahel e Maria Cristina Machado
A materialidade bruta do edifício está presente na estrutura modular de concreto armado e nos tijolos não revestidos, mas tem maior destaque nos painéis que revestem a fachada em um desenho geométrico, com o objetivo de proteger a biblioteca da luz solar direta.
Ladeira da Barroquinha / Metro Arquitetos Associados
O desenho da escadaria é resultado da organização dos usos: uma confortável escada contínua que permite uma caminhada rápida que se desdobra em uma sequência de platôs que insinuam um caminhar mais lento.
Casa do Carnaval / A&P Arquitetura e Urbanismo
Com vista para a Baía de Todos os Santos, a Casa do Carnaval é uma adaptação de uma edificação eclética localizada no centro histórico de Salvador. O programa é um museu que conta a história do carnaval de Salvador e abriga atividades relacionadas à festa.
Casa do Rio Vermelho / Gilberbet Chaves
A antiga casa de Jorge Amado e de Zélia Gattai hoje funciona como um museu que conta a história do casal e da sua produção artística e literária.
Museu Rodin / Brasil Arquitetura
O projeto é fruto do restauro de um antigo palacete e construção de uma nova edificação, conectados por uma passarela de concreto protendido, sem pilares de apoio.
Praça da Sé / Assis Reis e Márcia Reis
A praça foi construída no lugar onde existia a antiga Igreja da Sé, construída no séc. XVI e destruída para a passagem de uma linha de bonde na década de 1930. O projeto possibilita a visualização das ruínas das fundações da antiga igreja.
Terreiro de Jesus / Burle Marx
Parada obrigatória para os turistas, o Terreiro de Jesus está localizado no coração do centro histórico de Salvador. O desenho original do paisagista Burle Marx é do início da década de 50 e tem como característica principal sua famosa composição com pedras portuguesas.
Hospital Sarah Kubitschek / João Filgueiras Lima (Lelé)
A combinação de sheds metálicos ondulados e brises na conformação da cobertura são alguns dos motivos pelos quais o projeto é referência de como um edifício hospitalar pode, através da arquitetura, ter bons parâmetros de conforto térmico.
Colina Sagrada / Sotero Arquitetos
A praça na frente da Igreja do Senhor do Bonfim possui uma pavimentação em pedras portuguesas, com desenhos que dialogam com o mobiliário urbano que integra banco, poste de iluminação e lixeira no mesmo elemento.
Edifício Otacílio Gualberto / Diógenes Rebouças
O edifício, projetado na década de 50, tem as fachadas compostas por brises de alumínio verticais alternados com cobogós cerâmicos, em um volume elevado do solo por pilotis.
Igreja do São Francisco / Francisco Pinheiro
Com um imponente interior, trabalhado em entalhes dourados, a Igreja do São Francisco é um exemplar da arquitetura barroca brasileira, construído entre os séculos XVII e XVIII. Seu espaço interno ornamentado contrasta com o exterior mais sóbrio.
Edifício Caramuru / Paulo Antunes
Localizado no bairro do Comércio, o edifício Caramuru foi premiado com a menção honrosa na 1º Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. O edifício da década de 40 possui uma “pele” composta por grelhas metálicas intercaladas que protegem a fachada da radiação direta.
Basílica Santuário do Senhor do Bonfim
Construída entre 1746 e 1772, a Basílica é conhecida pelas tradicionais “fitinhas” do Senhor do Bonfim amarradas pelos visitantes ao seu gradil externo.
Casa do Comércio / Jader Tavares, Otto Gomes e Fernando Frank
A imponente estrutura do edifício é o seu elemento de destaque: as vigas metálicas formam balanços em diferentes níveis em todas as fachadas do edifício. A forma do edifício, composta por esses balanços, o diferencia do seu entorno.
Teatro Castro Alves / José Bina Fonyat Filho
Projetado nos anos 1950, o teatro foi inaugurado apenas em 1967 devido a um incêndio dias antes da sua inauguração, prevista para 1959. O teatro é caracterizado por uma forma triangular nas fachadas laterais que além de ser resultado do desenho da platéia, funciona como cobertura para o espaço abaixo.
Casa do Benin / Lina Bo Bardi
Inaugurada em 1988, a casa possui um programa composto por salas de exposição, auditório, sala multiuso e restaurante. O acervo é composto por peças originárias do Golfo do Benin, colecionadas pelo fotógrafo francês Pierre Verger e peças relacionadas à cultura afrodiaspórica doadas por artistas e instituições.
Edifício Garagem Otis / Diógenes Rebouças
Localizado no bairro do Comércio, na cidade baixa, o edifício garagem projetado na década de 70 é composto por uma estrutura em concreto armado aparente e fachadas de tijolos cerâmicos.
Roberto Alban Galeria / Foguel Reis e Sá Arquitetura
O espaço da galeria permite realizar exposições das diversas linguagens artísticas contemporâneas brasileiras. São 1.500m² de área em três pavimentos, com pé direito de 8 metros na sala principal.
Veja a seguir um resumo dos 25 lugares para visitar em Salvador:
- Ladeira da Misericórdia / Lina Bo Bardi
- Centro de Exposições do Centro Administrativo da Bahia / João Filgueiras Lima (Lelé)
- Igreja do Centro Administrativo da Bahia / João Filgueiras Lima (Lelé)
- Secretarias do Centro Administrativo da Bahia / João Filgueiras Lima (Lelé)
- Sede da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF) / Assis Reis
- Solar do Unhão / Lina Bo Bardi
- Faculdade de Arquitetura da UFBA / Diógenes Rebouças
- Biblioteca da UFBA / Luiz Dourado, Fernando José Fahel e Maria Cristina Machado
- Ladeira da Barroquinha / Metro Arquitetos Associados
- Casa do Carnaval / A&P Arquitetura e Urbanismo
- Casa do Rio Vermelho / Gilberbet Chaves
- Museu Rodin / Brasil Arquitetura
- Praça da Sé / Assis Reis e Márcia Reis
- Terreiro de Jesus / Burle Marx
- Hospital Sarah Kubitschek / João Filgueiras Lima (Lelé)
- Colina Sagrada / Sotero Arquitetos
- Edifício Otacílio Gualberto / Diógenes Rebouças
- Igreja e do São Francisco / Francisco Pinheiro
- Edifício Caramuru / Paulo Antunes
- Basílica Santuário do Senhor do Bonfim
- Casa do Comércio / Jader Tavares, Otto Gomes e Fernando Frank
- Teatro Castro Alves / José Bina Fonyat Filho
- Casa do Benin / Lina Bo Bardi
- Edifício Garagem Otis / Diógenes Rebouças
- Roberto Alban Galeria / Foguel Reis e Sá Arquitetura